Texto de: Lucas Rubio
Arte de: Letícia Muller
Huda Salih Mahdi Ammash é um dos nomes mais importantes do Iraque e de toda a resistência global aos Estados Unidos. Ela foi uma das grandes mentes por trás do governo Saddam Hussein e uma notável cientista, militar e intelectual iraquiana.
Huda Ammash nasceu na cidade de Bagdá, no seio de uma família membro do partido Baath’, que organizou a Revolução. Desde muito jovem, esteve envolvida no ambiente político. Nos anos 1970, Ammash concluiu a graduação em Biologia pela Universidade de Bagdá e fez pós-graduações em Microbiologia nos Estados Unidos.
De volta à pátria após se tornar PhD e uma formidável cientista nessa área, Huda Ammash começou a liderar várias pesquisas científicas no Iraque. Ela comandou trabalhos pioneiros na investigação sobre os impactos da poluição microbiológica das cápsulas de projéteis após a Primeira Guerra do Golfo, a propagação de doenças infecciosas durante o conflito, a poluição química e até mesmo os impactos dos embargos dos EUA no meio ambiente e saúde pública do Iraque.
Ela alcançou o cargo de reitora da Faculdade de Ciências e da Escola de Professoras da Universidade de Bagdá e, logo depois, foi eleita para o Conselho do Comando Revolucionário, órgão de governo do Iraque. Um rosto feminino num dos governos mais difamados e atacados do século XXI.
O auge da sua vida começou quando ela ingressou nas Forças Armadas Iraquianas e se tornou uma das mais importantes conselheiras de Saddam Hussein, atuando também como ministra. Seu nome passou a ser respeitado em todo o Iraque e ela era a única mulher vista nas reuniões da cúpula do governo, mesmo durante a guerra.
A Dra. Huda Ammash começou a comandar uma série de programas secretos de investigação científica que foram, no Ocidente, interpretados como tentativas de enriquecimento de urânio para o desenvolvimento de armas nucleares paralelas ao desenvolvimento de armas biológicas e bioquímicas, centro dos estudos da vida da Dra. Huda Ammash.
Utilizando-se desse pretexto — de que o Iraque estaria desenvolvendo armas de destruição em massa —, os Estados Unidos da América iniciaram uma guerra de caráter aniquilador e genocidário contra o Iraque. Durante a invasão criminosa dos EUA, a Dra. Huda Ammash foi considerada a 5ª figura “mais perigosa do regime” e sua imagem começou a ser odiada nos EUA. Ela era a 53ª pessoa mais procurada do Pentágono. O sentimento ardente de patriotismo e a lealdade com a causa de autonomia do Iraque de Huda Ammash a tornaram uma personalidade temida e atacada na mídia estadunidense.
Mesmo nos piores momentos da guerra, até mesmo nos estágios finais, ela nunca desertou ou renunciou, ficando ao lado de seu país e de Saddam Hussein. A Dra. Huda Ammash chegou a montar uma campanha nacional no Iraque em prol da doação de sangue para os soldados feridos nos combates. Em seu imponente uniforme militar, visitou hospitais de campanha, decorados com placas de “Bush assassino”, e, em visita às trincheiras, encorajou os soldados a lutarem.
Ela acabou sendo capturada em 2003 pelos EUA, sendo presa imediatamente. Após adoecer na prisão, foi liberada e vive ainda hoje com os impactos da prisão. Ela tem 68 anos e é uma das raras mulheres a alcançar tantos cargos e títulos históricos.
No fim da guerra, que destruiu completamente o Iraque, descobriu-se que os iraquianos nunca tinham sequer desenvolvido tais armas de destruição em massa.
Até hoje, em todo o Iraque, ela é vista como uma mulher de fibra e coragem, uma líder científica e militar que lutou ao lado do seu povo pela independência de sua nação milenar. Na internet, em vídeos sobre sua vida, são inúmeros os comentários que a classificam como “heroína do Iraque” e “a leoa que deixou o Império em desespero”.
A Dra. Huda Salih Mahdi Ammash é um nome brilhante que não pode ser esquecido e que deve inspirar todos os homens e mulheres estudantes, cientistas e patriotas do mundo a dedicarem tudo de si à causa da autodeterminação, custe o que custar.
Viva a Dra. Huda Ammash — a leoa do Iraque!
Original no Medium aqui.
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